quarta-feira, 29 de março de 2006

Personulidades

Tenho pensado com certo entusiasmo na criação da comenda "Personulidade do Ano" como forma de prestar homenagem àquelas ilustres figuras - públicas ou não - que garantem que as coisas continuem exatamente como estão. Ou seja, apesar de sua normalmente forçada popularidade, o fato de existirem não faz a menor diferença em termos práticos. Muitos poderiam ser "nominados". Desde políticos até profissionais festejados pela mídia, sem esquecer das celebridades instantâneas e outros similares. Tanto locais quanto nacionais.
Se fosse eu a decidir, não pestanejaria em deferi-la à protagonista da "dança da pizza". Não tanto pela alegria incontidamente demonstrada - característica de qualquer palhaço que se preze. Mas pela total falta de respeito aos brasileiros que contavam ser tratados com um mínimo de dignidade.
Não há dúvida quanto à imprevisibilidade e à complexidade do comportamento humano. Diversos estudiosos procuraram - e encontraram, à sua maneira - uma definição sobre o assunto. Adler teorizou sobre o "complexo de inferioridade" e aceitava a agressão e a vontade de poder como fatores positivos. Rousseau dizia que a sociedade corrompe o ser humano. Iung classificou os introvertidos e os extrovertidos. Freud atribuía uma causa precedente a cada pensamento ou ação. E tantos outros ...
Mas há as inexplicáveis "personulidades". Se procurarmos com cuidado, encontramos exemplares nos mais diversos momentos históricos. Mas atualmente há uma avassaladora prevalência desses bichos inúteis.
Diante da impossibilidade de combate, proponho que passemos a premiá-los. Ou melhor, passemos a condecorá-los. Porque premiados já são. E sempre às nossas custas.

domingo, 26 de março de 2006

Aos visitantes ...

Em respeito às dezenas de visitas que este humilde blog tem recebido e em resposta às inúmeras mensagens eletrônicas que eu NÃO RECEBI pedindo explicações pela ausência de atualizações, devo esclarecer: passei duas semanas em treinamento no CT Serraria, em companhia de mais de cento e trinta outros colegas ... nota dez! E, na última semana, iniciei minha carreira de bancário e realmente não tive tempo de ligar o micro ...

Em tempo: um abraço aos novos amigos das turmas 11, 12, 13 e 14 do programa "Integração de novos empregados do Banrisul" ... em especial aos componentes do "Carandiru 110", que acabou virando comunidade do Orkut: Samafás, Rafael e Paulo - e aos "membros honorários" Ana Paula, Regi, Clarissa, João Paulo, Nedson e Fernando ...

quinta-feira, 2 de março de 2006

Ah, o cuidado ...


Em meio àqueles pensamentos vagos que assolam qualquer mortal abstêmio em um feriado de Carnaval, lembrei de um livro cuja recomendação me foi feita há alguns anos por uma namorada, acadêmica de Psicologia: "Saber Cuidar", do Leonardo Boff.

Foi como se "caísse a ficha"! Nesse habitat criado pela tecnologia e pelo moderno "way of life", acabamos nos isolando e, via oblíqua, ficando carentes de contato humano. Todavia, várias fontes ensinam que a essência humana se encontra basicamente no cuidado. Este acaba sendo o suporte real da criatividade e da própria inteligência. O tamagochi, fenômeno mundial surgido na segunda metade dos anos 90, representava um bichinho de estimação virtual, que carecia exatamente da atenção de seu dono para "continuar a existir", denunciando metaforicamente o grau de solidão em que as pessoas se encontravam e a sua necessidade de exercitar o tão precioso zelo.

Quem precisa de tamagochis, quando há tanta gente por perto, igualmente sensível à essa sadia convivência, disposta a dividir, a acompanhar, a conversar sobre assuntos sérios ou banais, profundamente ou não? Essas pessoas que chamamos simplesmente "amigos" ...

Só por ter conseguido perceber isso, talvez já me tenha valido o feriado!

Irônica contemporaneidade

Retomei neste feriado de Carnaval – pela enésima vez – a leitura de "As veias abertas da América Latina", do Eduardo Galeano, cuja primeira edição data de 1970 (confesso que ainda não identifiquei o real motivo de não ter levado a termo essa empreitada das outras vezes: se por indignação ou por incompetência, mesmo).

De qualquer forma, um trecho em particular – onde é proposto que os capitais latino-americanos poderiam ser utilizados em reposição, ampliação e criação de fontes de produção e trabalho – causa uma desagradável sensação de estagnação histórica (não encontrei termos mais adequados no meu parco vocabulário):

"... incorporadas desde sempre à constelação do poder imperialista, nossas classes dominantes não têm o menor interesse de averiguar se o patriotismo poderia ser mais rentável do que a traição ou se a mendicância é a única forma possível de política internacional ..."

Àqueles que porventura acreditam que há progressos históricos na política latino-americana, cabe reavaliar os pontos de vista. Até mesmo a leitura de uma obra com mais de trinta e cinco anos poderá ser útil ...

Comentário necessário

Aos queridos amigos Darci, Erasmo e Fermino: desejo que, apesar da mudança de caminhos, nosso convívio possa continuar intenso e que possamos dividir angústias, expectativas e projetos em prol do espírito de equipe que nos uniu em 2005. Um forte abraço!!