sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Mea Culpa

Há algum tempo venho remoendo uma idéia, o que me levou à triste (e óbvia) conclusão: a geração a que pertenço tem grande responsabilidade pela realidade em que vivemos. Se não pelas ações, muito mais pelas omissões. Fomos educados no momento histórico brasileiro em que a ditadura militar estava no seu auge e, portanto, aprendemos que "política é feio". Pensar ou discutir qualquer tema ligado ao assunto nos era tacitamente proibido. Avalio que isso nos tenha inclinado a uma certa acomodação e que, por via oblíqua, tenhamos aceitado e acreditado em conceitos errados e pessimistas, sem nunca questioná-los. Aquelas crianças e jovens tornaram-se adultos e hoje são responsáveis por suas famílias, por seus negócios e até mesmo pelos grupos sociais a que pertencem. Em outras palavras, são (ou melhor, somos) inegavelmente agentes políticos. Todavia, nossa bagagem ideológica no que tange à política é pobre, exatamente porque não exercitamos nenhuma filosofia em sua construção. Identificamos os que se declaram "apolíticos" – como se possível fosse – e os que se dizem "politizados" – sendo que meramente aprenderam a utilizar a seu favor estruturas político-partidárias – e, naturalmente, há as raras e honrosas exceções, mais conscientes e proporcionalmente inquietas.
Há alguns dias, assisti a uma entrevista com o consultor Ricardo Neves, acerca do lançamento do livro "Pegando no Tranco – O Brasil do jeito que você nunca pensou". Diante da temática e dos questionamentos propostos, não consegui deixar de acompanhar os comentários do autor. Diretor da empresa de consultoria empresarial itC, com experiência em gestão de projetos para as Nações Unidas, Banco Mundial e Banco Interamericano, Ricardo Neves afirma categoricamente que temos uma percepção equivocada da realidade brasileira em razão de muitas de nossas concepções serem obsoletas, dando como exemplo a confusão entre pobreza e baixa renda, apontando a informalidade como um complicador.
Leitura recomendada para a desconstrução de paradigmas, principalmente aos que concordam com o título deste post ...

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