segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Constatações de fim de ano ...

Nos últimos minutos do ano, é difícil não se sentir tentado a tecer uma "lista de resoluções" para os próximos doze meses. Preferi comentar algumas (sempre relativas) conclusões a que me levou o "ano velho":

- Relacionamentos são feitos no dia-a-dia, além e apesar das eventuais caras-feias e discussões. É só uma questão de conquista, concessão e reconhecimento do espaço comum;

- Pessoas que não acreditam no meu sonho talvez não duvidem de minha capacidade. O mais provável é que não tenham a menor idéia do que seja ter um projeto pessoal, muito menos lutar por ele;

- Os bons momentos e as conquistas só têm aquela importância, naquele tempo, naquela intensidade, pra quem os vive. Gonzaguinha cantava "viver e não ter a vergonha de ser feliz", mas ainda há quem confunda empolgação com arrogância;

- Aliás, aprendi que não tenho a obrigação de me justificar e já não me incomodo em ser mal-interpretado. Entendo agora que, dependendo do interlocutor, é a única forma de entendimento que se pode esperar;

- Os maus momentos devem ter a duração necessária e suficiente para oferecer algum aprendizado, não mais que isso. Efêmeros, apesar do desconforto. Ponto.

E por último, mas não menos importante ... que verdadeiros amigos ainda são o bem mais precioso que se pode pretender e cultivar ...


domingo, 18 de novembro de 2007

O que cabe em um mês ...

Saudade. Surpresas, como a conversa entre blogueiros e a sensação de conquistar novas amigas (beijos, Cris e Mil). Aniversário entre bons amigos com direito a bolo improvisado, parabéns e o início de uma série de noites cerrando bares. Viagem pro Banrifitness e umas medalhinhas no vôlei, apesar da lesão no ombro direito. Constatação prática de que amigos podem (e devem) ter opiniões pessoais ou profissionais diferentes, sem deixar de ser interessantes. Outras tantas noites cerrando bares, transformando o tédio da província em simples cenário de conversas e risos. Viagem a Santa Maria e reunião de um trio que não ocupava o mesmo lugar ao mesmo tempo há pelo menos uns quinze anos.

Divagações práticas, por assim dizer, do que a vida oferece a cada dia. E chega de nostalgia ...

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Carta Aberta

Escrevo para te dizer que ainda me surpreendo quando percebo que mais de vinte anos se passaram desde aquele domingo.

Para contar que acho estranho o fato de o teu rosto já não aparecer tão nítido em minhas memórias e, mesmo assim, eu não esquecer do teu olhar. Nem do tom de voz. Nem do sorriso.

Para admitir - e, com isso, tentar mitigar - este aperto no peito causado pela vontade de te dar um abraço apertado, daqueles que só criança sabe dar - até porque, atrapalhado que sou com as palavras, não saberia fazer outra coisa se te reencontrasse.

Mas peço compreensão pela minha franqueza ao esclarecer que, apesar de ocupares um espaço considerável da minha nostalgia, não é dor o que sinto por não estarmos lado-a-lado. O tempo em que dividimos espaço e sonhos ainda é, para mim, motivo de lembranças e alegrias maiores.

Ah, e antes que eu esqueça ...
em dias que, como hoje, acordo com uma saudade sem tamanho, pego o violão e canto baixinho Terra de Gigantes, como se tu me assistisses.

Feliz Aniversário!

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O sujeito e as palavras

Quando aprendeu a ler e escrever – com a ajuda da mãe e ainda com “letras separadas” – tinha entre quatro e cinco anos. O pai, orgulhoso, apresentava aos amigos o menino que já lia jornais e rabiscava palavras em maiúsculas. Tomou gosto por gibis, revistas e pequenos livros naquela época, o que mais tarde acabou relegando a um terceiro ou quarto plano.

Das leituras da infância e adolescência, assim como dos aprendizados de matemática e informática, assimilou algumas noções de lógica que lhe davam certa segurança mesmo ao discutir assuntos que não dominava. Se não tinha como contrapor idéias, pelo menos acompanhava os raciocínios. Sabia a ordem ao concatenar premissas. Às vezes, por conseguir seguir a obviedade dos assuntos, até cometia alguns comentários interessantes durante as exposições. E outras – muitas – tantas vezes não. Óbvio.

Cultivou, por algum tempo, o gosto duvidoso por trocadilhos – o primeiro sinal de que havia algo errado em seu trato com as palavras. Por um lado, a facilidade em subverter significados ou perceber humor onde alguém falava sério. Por outro, exatamente a irritação das pessoas, que o chamavam de “moleque debochado”. Aprendeu que fazer graça é mais questão de “timing” do que necessariamente de jogo de expressões. Mas ainda não perdeu completamente o hábito.

Com os amores que teve – um de cada vez, é claro – percebeu, invariavelmente, que significados são valores relativos. Que termos simples, como “sim” ou “não” podem representar diferentes coisas. Aliás, que quase nunca serão exatamente “sim” ou “não”.

Compreendeu, com o passar do tempo, que palavras sozinhas não dão conta da comunicação. Que o “vacabulário” – como ironizava – relativamente rico pode ser insuficiente ao entendimento se não se souber entender o contexto – que nem sempre é lógico – e se não se conseguir sentir o significado do silêncio – que, não raro, é quem consegue melhor explicar a situação.

Precisava então admitir, àquela altura da vida, que havia uma estranha defasagem na sua forma de se relacionar com as palavras ... nada alarmante mas, ao mesmo tempo, não tão tranqüilo quanto poderia desejar. A grosso modo, sentia como se não soubesse se fazer ajudar por elas quando mais precisava. Era como se procurasse cuidadosamente e, na última hora, escolhesse a mais errada (im)possível.

Não desconsiderava o fato de que a comunicação constitui um fenômeno tão complexo que haverá sempre, pelo menos: a palavra que se pretende dizer, a palavra que se diz e a palavra que o interlocutor ouve e compreende. E que a tendência é de que as três sejam diferentes (tese corroborada pelas lições de “sim” e “não” das namoradas).

Mas ainda procurava uma forma de se fazer entender. Buscava, então, um equilíbrio entre a simplificação e a sofisticação das assertivas. E notava, finalmente, que não seria pelo significado intrínseco das palavras, mas sim pelo seu valor no que dizem respeito ao próprio sujeito.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

(In)certezas

Das muitas certezas que eu não tenho, uma é sobre o que de fato me toca quando me refiro a momentos especiais, se são datas específicas ou simples situações quotidianas.

Não quero me referir a grifos na agenda em razão de coisas boas ou ruins que tenham acontecido porque essas, sem aviso nem licença, acabam tomando espaço próprio. São aprendizados, alegrias, saudades ... que se tornam simultaneamente atemporais e presentes. É como se um risco no calendário se transformasse numa cicatriz na própria pele. Não dói mais, mas ainda é capaz de lembrar do motivo a que veio.

Quero falar daquelas situações onde as palavras e as gargalhadas - ou mesmo as lágrimas - brotam com espontaneidade e força capazes de lembrar ao mais cético dos homens - espécie, não necessariamente gênero - que a vida acontece e se faz a cada minuto. Que um encontro com antigos amigos/colegas pode ser - e de fato é - oportunidade de relembrar e, ao mesmo tempo, de construir novas histórias. Que apesar das divergências na forma como percebem a realidade, as pessoas devem ser admiradas e respeitadas pelas semelhanças que são capazes de manifestar entre si. Que se as diferenças oferecem muros, o exercício da identidade pode criar pontes. Que falar de amor com os olhos brilhando não é coisa de poetas ou desvairados ... é simplesmente uma forma desapegada de festejar a vida e de não se levar tão a sério ...

Em outras ocasiões mencionei a nostalgia pelas coisas não vividas ... pois percebo que até ela, que tem sido minha fiel companheira de jornada, já não se refere a dias certos. Um de nós, talvez mais amadurecido, tomou um ar menos formal e percebe o excepcional que há em ocasiões banais, como um feriado qualquer na província, conversando e celebrando o ritual do chimarrão entre amigos ...

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Pra refletir ...

Encontrei o link no blog do Inagaki que, por sua vez, mencionou a recomendação da Julia Fontelles. Trata-se de peça publicitária sobre a violência doméstica contra crianças, encomendada pelo governo do Líbano à agência Saatchi & Saatchi. No final, a mensagem "algumas crianças gostariam que seus pais fossem animais".

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Futuro do Pretérito

Considerando que hoje é segunda-feira, eu poderia falar do fim-de-semana tedioso da província e da absoluta falta de alternativas interessantes de lazer. Mas isso acabaria por se tornar desagradável, como toda insistência em lugares-comuns.

Tentando dar ao assunto um ar mais engajado, poder-se-ia comentar sobre a paralisação de agências bancárias na sexta-feira passada, cuja votação em assembléia acabaria por considerar válidos votos de "colegas" de uma instituição privada que detinha "interdito proibitório" - ou seja - teria judicialmente garantido o dia inteiro para explorar seus negócios, enquanto as demais "protestariam por aumento salarial e melhores condições". Mas isso consituiria tema por demais polêmico e, via oblíqua, desagradável.

Ainda no âmbito do engajamento, poderia tentar digerir a (má) impressão com relação ao aparato montado e dispendido, também na sexta-feira passada, com a visita da digníssima mandatária do nosso estado à província; o que levaria a considerações acerca de protocolos, recursos estaduais declarados escassos e capacidade administrativa por vezes questionada e criticada. Mais uma vez, tropeçaríamos na "tensão dos temas", por assim dizer.

Claro que haveria momentos interessantes e muito menos tensos a comentar, como a reunião no Quiosque pra comemorar o aniversário de um colega de trabalho. Cervejas geladas e conversa leve. Também poderia falar do reencontro com um colega-amigo com quem não falava há uns quinze anos, pelo menos. Poderia divagar sobre a confirmação das expectativas de vida que tínhamos quando adolescentes, principalmente sobre trabalho e família. Ou sobre o respeito necessário às diferentes percepções da realidade, que são capazes de fazer qualquer gestor de recursos humanos arrancar os cabelos quando busca metas e resultados. Mas enveredaria por abordagens filosóficas ou psicológicas que soariam um tanto pedantes.

Deixando todas essas temáticas de lado, poderia simplesmente comentar sobre o filme "Tropa de Elite", que acabei baixando da internet e assistindo no domingo. Mas não conseguiria evitar comentários que estragariam a experiência dos que, diferentes de mim, aguardam por assistir nos cinemas.

Então, abandonando o tempo verbal que deu título a este post (e consciente de que poderia ter escolhido um melhor), decido: comento sobre uma das minhas mais recentes descobertas na blogosfera ... a "funk band" japonesa chamada Osaka Monaurail. "Surpreendente" é pouco pra defini-los. Encontrei a dica aqui.

Assista ao vídeo. Vale a pena.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O Teatro Mágico

Soube de sua existência há poucos dias, num desses finais de tarde em que se liga a TV para ter luz colorida na sala. Deixei de lado o controle remoto para assistir à trupe, quando passei pelo canal onde se apresentavam.
Despretensiosamente, afirmo: fazem jus ao nome! Mistura fantástica de música, poesia, teatro e circo.

Pensando se tratar de alguma novidade, fui pra "uébi" procurar referências: o projeto, idealizado por Fernando Anitelli, já tem quase quatro anos de estrada (!) e conta com blog; página oficial; página no Youtube; download de músicas no Palco MP3; e comunidade oficial no Orkut.

Confira aqui um vídeo da música "Eu não sei na verdade quem eu sou", belíssima homenagem aos "Doutores da Alegria".

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ou seja ...

Recebi, agora há pouco, por e-mail. Eis um resumo dos fatos, "trocado em graúdos", pra qualquer um entender ...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Indy strikes again ...

O lançamento mundial da nova aventura do arqueólogo vivido por Harrison Ford já tem data prevista: 22 de maio de 2008.

“Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull” é dirigido por Steven Spielberg e terá no elenco Shia LaBeouf, Cate Blanchett, Karen Allen, Ray Winstone e John Hurt.

Para maiores informações sobre Indiana Jones IV, visite o site do filme.

Beleza em areia

Quem já viu o trabalho da israelense Ilana Yahav sabe o quanto ela é capaz de encantar com suas apresentações, onde empresta vida a desenhos-esculturas em areia, feitos sobre uma mesa de vidro.

Recomendo aos que por ventura ainda não a conheçam e queiram visitar o site da artista, que não pensem duas vezes. Aproveitem o link. O espetáculo é impressionante.

Aqui, um clipe onde Ilana demonstra sua técnica ao som do russo Dato Hudjadze.

domingo, 16 de setembro de 2007

Visual DNA


E agora, Renan ?

Não tenho palavras para descrever a indignação com o que já há quem chame de "a maior encomenda de pizzas da história política brasileira". Vergonha pouca é bobagem.

O Rodrigo Stulzer propõe uma campanha, que já tem adesão expressiva na blogosfera: "A idéia é simples, quando várias pessoas criarem um link para o site do senado federal com o título Vergonha Nacional o google irá indexar o termo e quando alguém procurá-lo a primeira referência que aparecer vai ser o site do Senado".

Eu fiz a minha parte ... Teste aqui:


P.S.: Saudades de quando Renan era só um dos integrantes da seleção brasileira de vôlei, que criou o saque "viagem ao fundo do mar" ...

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Monetização

Insignes compartes,

- Contagiado pelo ânimo das celebrações da independência (??);
- Considerando a tendência crescente na blogosfera; e
- Graças à total falta de disposição e assunto para uma postagem decente ...


Comunico que
o DM acaba de ser monetizado.



segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Tarantino's Mind

Bah ... e, pra salvar o domingo, eis que surge a indicação deste curta-metragem, com Selton Mello e Seu Jorge. O "Código de Tarantino" e as "teses tarantinescas" são explicadas (??) num diálogo surpreendente e hilário. Vale a pena assistir e conferir, é só clicar aqui.

Valeu, Ganso! Valeu, Sr. Miaggi!

domingo, 2 de setembro de 2007

Pra variar ...

... passei o fim-de-semana gripado, sem dar sequer um passo pra fora de casa. Não creio ter perdido grande coisa, mas nunca se sabe ...

Em compensação, os passeios pela blogosfera foram interessantes, ao som de Sia e Matt Wertz na maior parte do tempo.

Dentre os achados, esta peça publicitária do jornal The Economist. Simplicidade e interação. Genial !


E as "famosas cinco últimas palavras" (sem comentários):


quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Post Secret

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Mudanças

Aos escassos - mas constantes - freqüentadores cabe dizer que a mudança visual do DM, além de ser uma tentativa de torná-lo mais agradável, representa o fim de um ciclo de revisões de idéias e atitudes.

Que não seja mal interpretado, mas cansei de "olhar pra trás". Percebo que, se passei dez dias sem postar foi porque houve escassez de vida nesse período.

Servirá, portanto, como lembrete de que é hora para mais ação e menos teoria. Adiante, pois.


Quintana ...

"O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso."

sábado, 18 de agosto de 2007

Fui descoberto !!!!!


Sem palavras. Que mancadÃO ...

Não entendeu? Assista ao vídeo:

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Leyendo Cortazar

"Andábamos sin buscarnos pero sabiendo que andábamos para encontrarnos".

Comecei ontem a leitura do e-book, em espanhol, de Rayuela, de Julio Cortazar.

Indicação de uma "e-friend".

Porque nem tudo é vazio.
E porque nem tudo é razão.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Bolhas de Sabão

Desde aquela última vez em que conversamos, poucas foram as vezes que trocamos novamente palavras ou olhares. Um “oi”, outro “como vai”. Mas nada íntimo. Nada que denotasse a menor proximidade. Ou, pelo menos, interesse.

Desde aquele dia – em que emudeci, surpreso com o que ouvia, e pouco fui capaz de argumentar – ainda ressoam tuas palavras sobre a decisão acerca do futuro que não mais teríamos lado-a-lado. Sobre diferenças de temperamento. Sobre atitudes e expectativas. Sobre medos. Sobre “faltas”. Sobre não-correspondência.

Pois digo que, diferente de outros tempos, hoje não busco o “porquê” das coisas. Também não consigo ficar remoendo fatos, provocando a dor até não perceber mais sua presença pelo simples aumento da tolerância. Não vejo sentido prático nisso. Afirmo, então, que com o nosso “fim” não será de outra forma.

Lamento, apenas, que algumas de nossas palavras e atitudes tenham, a toda evidência, sido perdidas na má-interpretação. No “erro de tradução”. No medo pueril, baseado no “comprar barato” da comparação. No covarde atalho do “evitar problemas”, que nunca saberemos se existiriam.

Tivéssemos deixado haver tempo pra nós e tu saberias, por exemplo, ao me conhecer, que minha intensidade e minha empolgação não exigem contrato porque é o seu exercício que me realiza, não sua contrapartida. Essa é apenas a expressão despretensiosa da minha maneira de viver.

Como te disse várias vezes, quero “não me levar tão a sério”. Tento não colocar nas coisas mais peso ou mais seriedade do que elas realmente merecem. Se eu puder contribuir com cor, não será com o cinza. Não vejo problema, por exemplo, em planejar férias-a-dois para daqui a seis meses, mesmo sabendo que – assim como aconteceu – alguns dias depois eu poderia voltar a estar “avulso”.

Entendo que os meus planos “sérios” são os que dependem tão somente de mim. Qualquer outro que envolva terceiros, acaba sendo como bolhas de sabão. Belas. Coloridas. Mas efêmeras, ainda que relativamente.

Se fizesse uso apenas de racionalidade pra perceber e orientar minha vida, acabaria por desvalorizar momentos como aqueles em que, falando bobagens, rimos abraçados um ao outro. Ou em que, cansados, dormimos diante da TV ligada. Ou quando os olhares dispensaram palavras e nossos corpos falaram por nossas bocas. Ocasiões em que desejei ser – e me senti – uma pessoa melhor.

Creio que assim seja a vida. Não é exatamente o ponto de chegada que me interessa. O que quero é apenas aproveitar intensamente o percurso, não obstante a distância ou a duração da caminhada. Pena que, buscando sentidos opostos, não conseguimos acertar o passo.


segunda-feira, 6 de agosto de 2007

(e)Ternos Momentos III

Como se fosse agora, ainda escuto aquela voz trêmula dizendo que não combinamos, que nossos gênios são muito fortes. Que nossa convivência tem sido maravilhosa, mas que "falta algo" (o que pensar, se no dia anterior me dizia que nunca se sentira assim e que, por isso, iria se entregar de corpo e alma para que nossa história desse certo).

Relembro que entre lágrimas e suspiros, argumentos e considerações, corações foram preteridos a uma retórica (i)lógica, questionável e triste. Bons sonhos de uns foram rechaçados por más memórias de outros.

Mas entenda, meu (ex)amor ... embora respeite teu ponto de vista, não o aceito. Como diz a música do Hinojosa, "no hay camino, se hace el camino al andar"... mais do que aonde chegaríamos juntos, sempre valorizei estar ao teu lado. Dividir a caminhada contigo é (foi) o máximo.

Se nosso destino era esse, se nossa trilha era pra ser tão curta, não sei ... mas vivi cada momento desses dias com a alegria de uma criança. Deixei de lado meus assuntos sérios e fui menino ao teu lado. Alegre, intenso e espontâneo. Como se brincasse com bolhas de sabão, meus olhos brilharam a cada vez que pensei em ti, a cada vez que te encontrei, a cada vez que ouvi tua voz ao telefone. E pensei que, por vezes, havia percebido o mesmo de tua parte.

Inconstância é um atributo humano, natural e inevitável. Contradição é, às vezes, até necessária. Mas tudo tem limites. Talvez em algum "quando" e "onde" indefinidos, nossa história continue ...

domingo, 5 de agosto de 2007

(e)Ternos Momentos II

Essa menina-mulher que tem ocupado meus sonhos e feito meus dias mais completos faz com que eu perceba que já não sou meu tema preferido. Já não quero me analisar ou descrever.

Prefiro, hoje, o brilho mágico dos seus olhos quando, forte e decidida, fala dos planos e expectativas ou comenta sobre conquistas e aprendizados. Também quando, frágil e assustada, pede colo sem dizer nenhuma palavra. Ou quando, diante de um gesto de carinho ou atenção inesperados, reage com surpresa e sorri, tímida e sem jeito.

Ao seu lado, as cores são mais intensas. Os sons são mais nítidos. Os momentos duram mais.

terça-feira, 10 de julho de 2007

O lugar do ser feliz

“A gente não precisa sair do lugar pra ser feliz. Tem que ser o lugar”.


O dito pode ser antigo, mas o aprendizado – admito – é recente ...

Sempre julguei modestas minhas necessidades pra ser feliz, mas sempre incluía entre elas alguns fatores externos. Não me preocupo com o vil metal além do necessário pra pagar as contas e manter meus poucos caprichos. Não vinculo felicidade a um ponto no mapa, embora goste de viajar e tenha planos fora da província onde vivo.

Mas noto, em atitudes passadas, a tentativa infantilóide de controlar as incertezas – que são exatamente o colorido mais intenso, o tempero mais picante – da vida. Mais do que sobrevalorizar a existência do extrínseco, sentia a necessidade de sua posse ou seu controle. Imaturo, tive medo da montanha-russa dos sentimentos. Criança assustada, apesar da idade, tentava me preservar. Era como se me guardasse para a “vida que eu queria ter”, cego para a vida que se me oferecia.

Quantas vezes deixei de aproveitar a alegria contida em pequenos momentos ... Por projetar demais e não saber o que fazer com o inusitado, não percebi a beleza do efêmero. Sacrifiquei a alegria em prol de uma seriedade estéril, chata e impertinente. Dosei com conta-gotas as gargalhadas. Os palavrões. A indignação. A atenção. Até o bom-humor. Ao invés de banquete entre amigos, trash food sozinho.

Só agora percebo que o caminho é inverso. A felicidade é mais questão de entendimento do que de insumos. Pede que se perceba o mundo com os sentidos superlativos. Que se perceba a intensidade das luzes e cores. Que se consiga interpretar os sons do silêncio. Que se aprecie cada cheiro, cada perfume, como na infância – não por saudade, mas por pureza e curiosidade. Que se compreenda que doces, salgados e cítricos não são sabores antagônicos, mas que se completam e se compensam. E que se dê real sentido e valor ao toque, ao afago, ao aceno ...

Sinto que encontrar o lugar do ser feliz seja tão somente encontrar a si mesmo. Alcançar a serenidade para aceitar a chuva ou o sol, o frio ou o calor como possibilidades, não como problemas. Abraçar no reencontro e não somente na despedida. Dizer o que se sente, sem se levar tão a sério a ponto de se permitir combater ou ser combatido por opiniões alheias. Sorver a vida de gargalo. Jogar fora o conta-gotas.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

(e)Ternos Momentos

A mulher amada – e desejada !!! – deitada ao lado. Sem prévia combinação, ocupa o lado esquerdo da cama – que preenche com graça de menina enquanto acomoda o corpo esguio e as pernas longilíneas e bem torneadas. Preguiçosa e insinuante, exibe as curvas dos quadris. O cabelo perfumado escorre displicente sobre as costas e, de forma caprichosa, mantém a nuca à mostra. Pra meu desassossego, é linda e sabe como provocar.

Com um movimento, se aproxima. Sinto o toque do seu corpo, quente e macio, junto ao meu. Coloca a perna sobre a minha, como se me prendesse. Repousa a cabeça no meu peito, acomodando-se de modo que a respiração suave, quase música, seja sentida como um beijo no pescoço. A mão esquerda repousa no meu peito, espalmada, como se me afagasse o coração. Já não sei se estou acordado ou se sonho.

Mais do que um convite, sua presença é a própria festa. Alegria doce e efêmera, com sabor de nuvem, com cor de arco-íris. Celebração à beleza da vida.

domingo, 8 de julho de 2007

Estados de Espírito

Tenho comentado sobre mudanças na percepção de mim mesmo. Ou sobre a percepção de mudanças. Ou as duas coisas. O fato é que os dias cinzentos e o frio são um convite irrecusável à introspecção e, por conseqüência, às divagações. Auto-referência inevitável, portanto.

Talvez o inverno na província tenha colaborado para que eu me veja, muitas vezes, preenchido – ou esvaziado – por algo muito parecido com tristeza. Não me refiro àquela que deprime, mas sim à que transforma pela análise da sua aparente falta de motivo.

Descobri que esse sentimento me torna mais pensativo, mais racional, mais atento, mais disposto a ouvir do que falar. Arrumo a casa, numa tosca paródia do que gostaria de fazer com a vida. Organizo gavetas, como se pudesse reordenar memórias. Busco explicações, desenvolvo teorias, consumo – de forma insaciável – poesia. Revisito lugares, pessoas, palavras ditas e ouvidas há muito tempo, em diálogos que não mais podem ser repetidos.

Sinto como se, assim, chegasse mais perto de meu verdadeiro eu. Sinto mais a vida, as saudades, os amigos, os amores, os sucessos, os aprendizados com os tropeços. Por vezes, é um estado preferível pra conseguir me perceber mais intenso.

Aos desavisados, advirto: não é esta uma elegia aos estados mais sombrios de espírito. Muito pelo contrário. Apenas observo – com surpresa – que minha alegria é idiota, é estúpida. Não me traz idéias novas, não me faz mais profundo. Nunca esboçará versos baseados nos meus dias. Não postulará nem será capaz de fazer história. Por vezes, até faz de mim egoísta e disperso. Capaz de falar besteiras, de ser imprevisível, de querer sorver a vida num só fôlego.

Percebo, então, um erro de concepção e outro de interpretação. Essa alegria, da qual sinto falta por já ter esquecido seu sentido, não tem que ser sinônimo de satisfação, deslumbramento e fastio. Mas pode – e deve – ser uma contemplação mais leve, mais exaltada, do caminho que se percorre. Um atenuante. Um catalisador. Algo que induza menos palavras, mais ações. Menos teorias, mais sensações. Menos certezas, mais improviso. Menos verdades, muito mais dúvidas.

Passei tanto tempo reagindo à tristeza, racionalizando e projetando conceitos pra dar sentido à vida, que acabei me levando muito a sério e perdendo a alegria da espontaneidade ... e esquecendo da espontaneidade da alegria.

domingo, 24 de junho de 2007

Desvio de tempo

Outra madrugada, mais um final de semana. Mesmo depois da pequena elevação do teor etílico no sangue, a noite provinciana se apresentava sem graça e as alternativas existentes estavam fora de cogitação.

Pouco humor. Pouca paciência. Pouca vontade, pra dizer a verdade.

Aliás, no que diz respeito à vontade, cria que era necessário haver paixão pra se fazer qualquer coisa. Vontade mesmo, não simples inclinação ou falta de opção. Adotava – e sempre citava – os versos do Gessinger: “nem sempre faço o que é melhor pra mim, mas nunca faço o que eu não tô a fim” ... Conhecia – na prática – o preço a pagar por isso, mas era franco ao admitir não ter talento pra empurrar situações com a barriga ou pra tratar a vida e as pessoas de forma burocrática.

Destination: Home, swett home.

Sem nada melhor pra fazer, tinha na internet um universo alternativo e, enquanto escutava música e saturava seus “ratônios” com informações e imagens desconexas, a TV não merecia atenção ... a luz colorida projetada apenas servia como holofote às confusões e incertezas que lhe ocupavam a mente.

Tentava seguir o conselho de uma amiga – segundo ela mesma, mais virtual do que real, já que quase não se viam – e trabalhar o “desvio do tempo”, que consistia em uma estratégia consciente de não pensar no que incomodava. Algo como “encher a cabeça pra não sentir vazio o coração” ...

De repente, os versos de Vinícius: “Tristeza não tem fim ... felicidade, sim” ... e se via quase beirando o infame “coitadismo”, que tanto combatia e condenava ...

Mudando o ponto de vista, notava que, afinal, era bom que houvesse certa verdade naqueles versos. A tentativa de mitigar as próprias tristezas vinha sendo, no mais das vezes, o seu grande combustível pra vida. Planos, ambições, expectativas ... tudo convergia ao tosco gesto de preencher e dar sentido àqueles ocos momentos, sempre presentes e nunca desejados. Fosse tudo somente alegria, a vida seria tão tediosa ...

Entendia sua jornada quixotesca como se fosse a alegoria da pedra filosofal alquímica, assim como trabalhar incessantemente a própria inquietude – como se fosse chumbo – até que pela repetição, pela observação dos processos, pela depuração do agente, surgisse a sabedoria necessária para aquietar o espírito – daí, então, o almejado ouro.

Sorria, afinal. Divagação oblíqua, conclusão reconfortante. Por enquanto.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

An ordinary guy

Esse era ele:

Nem tão CDF que lembrasse, sem esforço, mais do que umas oito ou dez capitais européias (a geografia é tão dinâmica, pensava). Nem tão desligado que não soubesse o nome do atual papa e sua nacionalidade.

Nem tão engajado a ponto de militar ideologias e erguer bandeiras. Nem tão alienado que não manifestasse sua opinião abertamente, sem se intimidar.

Nem tão medíocre a ponto de se contentar com o “status quo”. Nem tão ambicioso que pagasse qualquer preço por seus sonhos.

Nem tão eclético que consumisse funk e sertanejo. Ou que devorasse Paulo Coelho e congêneres. Mas preferia “conhecer pra poder criticar”. Adotava o posicionamento técnico da comunicação (vício de ofício), onde é fundamental “falar a língua do interlocutor”, embora eventualmente (quase sempre) errasse na escolha do idioma ... No final, tentava manter “a mente aberta” ...

Nem tão presente a ponto de controlar a vida dos amigos. Nem tão distante a ponto de esquecê-los ...

Mas tinha sonhos ...
acima de qualquer pseudo-filosofia:

Queria não passar pela vida em brancas nuvens ...
Queria ser lembrado como o amigo às vezes tosco, mas sempre leal ...
Queria conseguir interferir positivamente na vida de alguém, de forma a merecer menção ...
Queria, ao fim de tudo, ser lembrado por sua firmeza de caráter, não obstante seus medos e incertezas ...
Queria, no fim das contas, não se sentir tão só na jornada da vida ..

Sabia que seus desejos eram, aos olhos dos outros, banais ... mas eram os mais importantes que poderiam existir ...

Mas não tinha condições de fazer algo além de tentar realizá-los ... um dia de cada vez!

domingo, 17 de junho de 2007

“Tá ... mas o que te falta ?”

Depois de quase uma semana censurando pensamentos, tentando não ser influenciado pela pieguice que se avizinhava em função do Dia dos Namorados, aqui vão as divagações que, reincidentes como todas as demais, conseguiram sobreviver ...

Pois bem ... há talvez uns quarenta dias, numa dessas mesas de bar onde a vida se nos apresenta muito mais simpática e simples, comentava com um Amigo (é, daqueles poucos com “a” maiúsculo, que a gente considera irmão mesmo) a alegria por finalmente ter conquistado certa realização pessoal e profissional. Ponderávamos sobre a maturidade que trinta e poucos anos de vida podem oferecer no que diz respeito à capacidade de gerenciar expectativas e decepções do dia-a-dia. Observávamos que o tempo – que há pouco mais de dez anos era um adversário desleal contra o qual corríamos – hoje caminha a nosso lado. O que teria mudado desde então? É óbvio que nossa percepção da relatividade do tempo evoluiu, e é exatamente esta forma mais serena de ver as coisas que faz com que vitórias tenham aquele sabor diferente, um significado especial. E faz com que as eventuais derrotas ganhem caráter de aprendizado.

Entre filosofias de bar (as melhores que há) e comentários mais mundanos sobre a biodiversidade representada nas cercanias, fui fuzilado com a pergunta título deste post ... ao que, antes que percebesse, havia respondido sem pensar: “família” ... não necessariamente a que vem com gato, cachorro, papagaio e periquito ... mas aquela com uma Companheira (sim, com “c” maiúsculo, que dá orgulho de bater no peito e dizer: “ela está comigo!!”), que me conquiste a cada dia e me deixe conquistá-la; que goste de ser cuidada e acarinhada e – de vez em quando - saiba retribuir; que seja leal e franca; que entenda/ature/aceite minhas palavras e meus silêncios; que não se leve muito à sério e goste de sorrir ... e que, com o tempo, concorde com a idéia de que um barrigudinho possa ser a continuação da nossa história ...

Eu, que já disse que até acredito em amor, mas já não creio nas pessoas ...
Eu, que já fui equivocadamente interpretado como “solteiro convicto” ...
Eu, que já preferi estar sozinho em nome da estéril “paz de espírito” ...
Eu, que já aprendi que minhas certezas são verdades vãs e efêmeras ...

Quem diria ... mas (re)avalio que há conquistas que (somente) têm um sentido maior se puderem ser divididas ... além disso, há quem diga que a resposta espontânea tende a ser a mais acertada ... então, meu Amigo, apesar de estarmos ambos surpresos, eu sustento o que disse!

É ... eu bem que tentei censurar, mas sabe com é ...

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Quem diria ...

Putz ... que me perdoem os mais aficcionados pela língua culta, mas um desabafo pode cometer pequenos deslizes ... então, aí vai: ESSE TROÇO VICIA !!! Quando decidi criar e manter o Divagações, não imaginava o quanto ia acabar me envolvendo neste universo “bloguístico” (ops ... não deu pra evitar).

O fato gerador deste espaço foi a falta de eco (sim, reflexão de som, mesmo!!) por ocasião da maciça adesão popular, aqui na província, à campanha pela federalização da URCAMP. Eu, com as informações disponíveis e com a tradicional mania de contestar, julgava um feito impossível - pelo menos da forma como se apresentavam as mirabolantes propostas. Diante da falta de debate, acabei por cometer um pequeno artigo que acabou sendo publicado no Jornal do Comércio e, posteriormente, no site Web Alegrete.

Virou, mexeu e a maravilha não saiu do papel. Houve uma “solução oblíqua”, por assim dizer. Genérica, como se diria no meio farmacêutico. Há quem esteja satisfeito. Não é este o meu caso, mas azar o meu.

Pois bem ... o que iniciou com uma pretensa opinião sobre um fato sério acabou tomando proporções mais cotidianas. Até aí tudo bem, já que a concepção do Divagações previa comentários sobre "inquietações do dia-a-dia".

Mas daí a sentir falta de postar, passar noites escrevinhando rascunhos e querendo comentar até cenas ocorridas em caixas de supermercado ... francamente!!

Há quem diga que faz parte do “ser blogueiro”, mas confesso que estou surpreso com esta nova necessidade ...

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Sobre as decisões

Divagações ... desta vez, dirigidas a uma amiga:


"Estive pensando sobre como seria bom se, em alguém ou em algum lugar, fosse possível encontrar a resposta certa pras coisas que nos incomodam e, por isso, pedem solução – aqueles assuntos que nos tiram da “zona de conforto”, onde NUNCA deveríamos nos contentar em ficar.

Aprendi há algum tempo que esse “alguém” e esse “lugar” existem ... mas – definitivamente – não são pontos externos. É em nós mesmos que podemos encontrar as respostas mais acertadas – entenda-se que “acertadas” não são aquelas que não são passíveis de erro, mas as que levam em consideração todas as variáveis que somos capazes de perceber – e sentir – ao analisar determinada situação. São respostas justificáveis exatamente porque levam em consideração, principalmente, o que se SENTE no momento que antecipa a tomada de decisão. Portanto, mais ajustadas e coerentes do ponto de vista pessoal e, via oblíqua, dificilmente nos levarão a arrependimentos.

Falando em arrependimentos – e culpas, que costumam andar juntos – é bom lembrar o dito popular: “a gente se arrepende do que NÃO faz”.

Pois bem, sem o menor interesse de entrar em polêmicas político-religiosas, tenho pra mim que a culpa seja uma criação judaico-cristã que serve pra “engessar” a vontade e as ações das pessoas. Serve como um “buçal” ou um “freio”, utilizando termos mais regionais. O conceito moral incutido da culpa faz com que levemos em consideração OS OUTROS antes de nós mesmos, na maior parte das vezes. Mesmo que isso tenha certa utilidade na vida em grupo, é um verdadeiro ATRASO em termos individuais. Não esqueça que decisões acerca de vida pessoal deveriam considerar, principalmente, o bem-estar do sujeito envolvido. Quantos preferem se anular a tomar atitudes que supostamente desagradariam outras pessoas ...

E o que é ainda pior: por mais que alguns queiram, tentem ou até consigam – eventualmente – influenciar tuas decisões, É SÓ TU QUEM VAI ARCAR COM AS CONSEQÜÊNCIAS. No fim das contas, é a TUA vida o palco do drama – ou comédia – que se apresenta!

Tudo isso pra dizer o seguinte:

Não PENSE apenas pra decidir. Não seja SOMENTE racional. A mera racionalidade nos arrebanha, nos torna iguais e nos faz permanecer na tal zona de conforto.

SINTA mais os fatos e as conseqüências possíveis. Esse sentimento das coisas é o que te faz uma pessoa única.

Lembre SEMPRE que o que se vive é o MOMENTO. O passado já foi (aliás, todo o passado é perfeito em si, porque não permite mudanças). O futuro é uma incerteza (imperfeito, portanto, já que pode e PRECISA ser construído).

Talvez tu até concordes que esta é uma percepção razoável, apesar de algum exagero. Mas ser razoável nas decisões é muito diferente de ser racional. E muito melhor".


Espero, assim, que a tua decisão seja a mais acertada ... na tua percepção.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Oxímoro

Com o frio e as noites insones, duas surpreendentes constatações:

A primeira: eu, que não raro me vi pleonasmo, ora me vejo oxímoro ... uma contradição em mim mesmo, não tão bem justificada ou empregável quanto a figura de linguagem ...

A segunda: meu tempo, tal qual o de Vinícius, tem sido "quando" ...

Mudanças a vista (e a prazo) na paisagem, como sugere o Outuno ...

domingo, 27 de maio de 2007

A Palavra Perfeita

Perdi a conta das vezes que, alegre ou triste, passei a madrugada procurando as palavras certas para explicar o que pensava ou sentia. Aquelas que não só descrevessem, mas levassem em si a essência do seu objeto. Pois tantas vezes quanto tentei foram as vezes em que não consegui. Acabava racionalizando demais, medindo além da conta os termos que pretendia usar. Não gosto do texto medido, estudado, moldado. Penso que deva ter algo de visceral, como se fosse vomitado num momento de enjôo. Se não for assim, perde a espontaneidade, o "sopro de vida" que o traz à luz.

Heidegger, a propósito, foi genial na colocação: “a busca do ser humano é uma procura incessante pela palavra-mestra”.

Talvez, na correria do dia-a-dia, muitos nem percebam a importância desta busca e a sua real motivação. Mas é necessário admitir que, no fim das contas, tudo o que se faz – do mais insignificante gesto à mais elaborada conclusão – é uma tentativa de estabelecer contato, de comunicar ao mundo que existimos e precisamos ser compreendidos. Em essência, não nos basta existir. “Penso, logo existo” acaba virando balela, dando espaço para algo como: “Comunico, logo existo”. Ou ainda: “Sou compreendido, logo existo”.

Entendo hoje, com clareza, que o próprio nascimento deste blog se deu por este motivo – por vezes assuntos sérios, por vezes assuntos mais banais – mas sempre um grito buscando comunicação, compreensão, um eco qualquer ...

Gosto da ilustração da “hora do travesseiro”: por maior que seja o número de amigos, por maior que seja a cumplicidade com a eventual cara-metade, por maior que seja a fé ... na hora de dormir – ali, naqueles minutos que antecedem o sono – é que percebemos que estamos irremediavelmente sozinhos. Só nós mesmos sabemos o que se passa em nossos corações e mentes, qual a alegria que nos excita ou qual a angústia que nos corrói ...

Mas voltando às tais palavras, que nunca (até agora) havia encontrado ... talvez, um dia, eu consiga cometer uma maravilha como este texto do Washington Araújo ...

Ironia

Conversando com um amigo sobre estórias e histórias de vida, concordamos com o seguinte: por mais que seja atraente lembrar e comentar as "ganhas", na verdade as "perdidas" são as que têm mais graça e que mais ensinam ...
Entretanto, revendo o placar com cuidado, posso notar que poucas são as primeiras ... e inúmeras as segundas. Não tenho nada contra aprender - como dizia meu pai, "saber não ocupa espaço" - mas gostaria de equilibrar um pouco os números ...

Sem entrar em divagações filosóficas, admito ser razoável a idéia de que a vida é injusta, mas bem que podia pender pro meu lado, de vez em quando ...

terça-feira, 22 de maio de 2007

Perguntas simples

Quem convive comigo há mais tempo sabe da minha fascinação por propaganda. Tenho verdadeira paixão por campanhas publicitárias bem feitas, que vão além do banal “vender o peixe”. Aquelas que conseguem verdadeiramente deixar saudade, além e apesar do produto anunciado, baseando-se na simplicidade de sua apresentação. Tenho comentado a aparente “volta à normalidade” no universo marciano, condição em que observo beleza nas coisas simples. Talvez por ter conseguido arrumar mais tempo para reler alguns livros (grande Rubem Alves) e até enviar (ok ... às vezes apenas encaminho) mensagens a amigos, percebo o resgate do contato com figuras saudosas e impagáveis, que já participaram da minha história e das quais sinto falta do convívio mais freqüente.
Assistindo ao comercial do grupo Pão de Açúcar, fiquei admirado com o texto recitado pelo Arnaldo Antunes - adaptação de um poema dele próprio - onde perguntas levam o espectador a pensar:

A lua, a praia, o mar
A rua, a saia, amar…
Um doce, uma dança, um beijo
Ou é a goiabada com queijo?

Afinal, o que faz você feliz?

Chocolate, paixão, dormir cedo, acordar tarde,
Arroz com feijão, matar a saudade…
O aumento, a casa, o carro que você sempre quis
Ou são os sonhos que te fazem feliz?

Um filme, um dia, uma semana,
Um bem, um biquíni, a grama…
Dormir na rede, matar a sede, ler…
Ou viver um romance?

O que faz você feliz?

Um lápis, uma letra, uma conversa boa
Um cafuné, café com leite, rir à toa,
Um pássaro, ser dono do seu nariz…
Ou será um choro que te faz feliz?

A causa, a pausa, o sorvete,
Sentir o vento, esquecer o tempo
O sal, o sol, um som
O ar, a pessoa ou o lugar?

Agora me diz:
O que faz você feliz?

Constatação: minhas maiores alegrias e saudades carregam consigo (pior: são constituídas de) coisas simples, tão somente ...

domingo, 20 de maio de 2007

Sintomática


É ... o maio na província tem se mantido surpreendentemente frio ... nada intolerável, apenas o suficiente pra alterar rotinas e vontades.

Entre uma e outra das tarefas domésticas que enchem o saco de qualquer solteiro que trabalha fora e somente tem livres os finais de semana para por as coisas em ordem, não consegui evitar a análise da simbologia de arrumar gavetas, tirar o pó dos livros e móveis e retomar o gosto por estar em casa ...

Sempre achei interessante a ilustração do outono como um final de ciclo, um fim necessário à renovação, algo assim como a morte da fênix ... talvez esses processos de reorganização da vida também o sejam ...

Há gente nova chegando ao cotidiano marciano, novos assuntos e interesses ... Mais do que isso, renovam-se expectativas - menos nos outros, mais em mim mesmo.

Talvez as coisas finalmente estejam retornando ao ritmo normal ... não o normal(mente) imposto pelas situações, mas o que eu consigo absorver, admirar e, principalmente, aproveitar ... sem complicações.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Pois é ...

Paixões à parte – na medida do possível – o imortal tricolor gaúcho disse mais uma vez (!!!!) ao que veio, para tristeza e desconsolo dos colorados de plantão, eternos secadores. Mandamos o timeco paulista pra casa, vencendo e convencendo – apesar da inegável mania gremista de complicar as coisas e deixar nervos em frangalhos até os últimos momentos de cada partida.

Tive a oportunidade de assistir ao jogo na casa do Neto e da Carla, com direito a janta, vinho e torcida organizada, com bandeiras e até uma sessão da "Batalha dos Aflitos"! Admito que já não lembrava da alegria de viver momentos assim. Meus queridos amigos, aqui fica o meu público agradecimento e o compromisso: em duas semanas, a reunião será lá em casa! Por motivos alheios à minha vontade, desta vez (de novo!) não tive a companhia daquela morena que me fascina – mas, no fim das contas, azar o dela! O encanto, assim como minha paciência, não é tão grande assim.

Voltemos ao confronto futebolístico: éramos cinco gremistas na sala, aos gritos: Neto, Buba, Diego, Ganso e eu – cada um dos três primeiros acompanhados de sua respectiva cara-metade (aliás, gurias, nota dez pela paciência – e pelo cardápio – de vocês!). Noventa e quatro minutos de suspense e torcida, confirmou-se o que pra nós era um fato desde o início: o Grêmio segue na Libertadores!! Que venha o Defensor...

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Another confession

Bah... o friozinho se apresentou neste final de semana aqui na província ... entre mates na praça e geladas no quiosque, admirando o desfile de alienígenas que aqui aportaram em virtude da "penca do boi", pude rever opiniões sobre os mais diversos temas... inclusive sobre a minha irrisória adaptabilidade ao fato que, por mais que me irrite, simplesmente há assuntos que não dependem unicamente da minha vontade.

Irônico - pra não variar - que exatamente esta é, das características humanas, a que mais me fascina. Acredito até que constitua fator determinante para o sucesso em qualquer área (ok ... Darwin falou isso muito antes de mim). Mas eu admito: não me conformo em não conseguir o que quero. Tanto pior quando a situação é resumida em um "não" categórico, a priori irrecorrível. Nem tanto pela idéia de ser considerado insuficiente ou inapropriado por alguém, mas muito mais pela impossibilidade imediata de reverter o quadro.

Talvez isso se dê pela minha exagerada (e às vezes dispensável) racionalidade (sem falar na chatice, teimosia e mania de querer sempre ter razão) ... mas costumo me sentir muito mais à vontade quando posso argumentar a meu favor.

Indignado, ouvindo Foo Fighters:

"Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?
Is someone getting the best, the best, the best, the best of you?
I’ve got another confession, my friend
I’m no fool
I’m getting tired of starting again
Somewhere new"

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Sinais de vida, afinal

Já não me sinto tão só neste espaço virtual ... os cada vez mais escassos (mas nem por isso menos sinceros) visitantes têm deixado alguns comentários e, surpreso, percebo que não falo sozinho.

Um anônimo fez um comentário interessante de que "você colhe o que você semeia"... Muitas das minhas divagações, inclusive, são baseadas nesta idéia.

Ser polêmico, teimoso, chato, querer ter razão... defeitos ou qualidades? Creio que essas características têm me levado a mais sucessos que fracassos...

No "Prosa e Verso", postagem sobre o "Pequeno Tratado sobre a Mortalidade do Amor", do Alexandre Inagaki, alguém perguntou ironicamente "em qual eu me encaixo"... creio que, dependendo do caso, em até mais de uma das situações. Amores morrem pelas mãos de dois, não penso que haja algum tipo de fim onde apenas um se encaixe.

De qualquer forma, é bom ter companhia novamente ...

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Pensando bem ...

Tá bem, eu admito... a monocultura de divagações tem acabado por tornar um tanto rarefeita esta atmosfera marciana ...

Mas não há como negar que o silêncio das horas tem lá sua graça... e que uma crise existencial está se instalando, umas vezes mais irônica, outras vezes mais tragicômica... outras, ainda, cruelmente dura.

Diante de lugares, fatos e pessoas – uns mais inéditos e inóspitos que outros, volta e meia me vejo boquiaberto com o previsível rumo que as coisas acabam tomando. Melhor seria a ilusão da surpresa...

Ainda me acompanha – de perto – a enorme saudade que sinto da Duda e da Nanda... parece que faltam pedaços... Lembro, como se fosse hoje, da sensação que um abraço apertado foi capaz de provocar em mim há pouco mais de uma semana. É como se, finalmente, alguém tivesse entendido – e retribuído – carinho. Pura e simplesmente. Sem complicação.

Ainda leal a princípios testados e apreendidos “debaixo de mau tempo”, como diz o gaúcho, sigo em frente sem concordar em “empurrar com a barriga”... nada mais patético e medíocre do que tentar dar sobrevida a situações insustentáveis. Afinal, “de amor, não se morre... mas se sofre”.

Já cantava Camões que "o viver é de emprestado”, por isso insisto em manter o bom humor e ser capaz de rir de mim mesmo ... afinal, a rigor, ninguém sai vivo daqui!

terça-feira, 17 de abril de 2007

Milongas e nostalgias

Escutando Milongamento, do Bebeto Alves, percebo que a nostalgia que me acompanha (aquela do não vivido, à qual já me referi em outra oportunidade), não é apenas um lugar-comum dentro de outro, ainda maior, representado pelas crises existenciais que se têm me apresentado nessa fase dos trinta e poucos e que fariam Descartes gargalhar... mais do que isso, tem sido a parceira interessante e necessária naquelas horas do mate a meu gosto, do silêncio profundo nas noites de frio, chuva e solidão, dos projetos e ambições para o futuro ...

O desassossego pela família que ainda não constituí, pelo tal amor que ainda não conquistei, pelas memórias que ainda não sei se plantei na vida de alguém ... tudo isso e a sensação de finitude e dispensabilidade - que me lembram do medo de ser esquecido - na verdade têm feito com que eu tente ser uma pessoa melhor, afinal ...

Sei que "tudo a seu tempo", mas às vezes sinto que tenho que exercitar a paciência a ponto de não me perder ... como quando se toca uma milonga.

domingo, 18 de março de 2007

Seis horas de viagem...


... entre Alegrete e Porto Alegre trazem à tona divagações. E os detalhes: da poltrona 33, ao lado da "saída de emergência", eu vi pela janela, um sábado cinza... qualquer semelhança com a vida não é, definitivamente, mera coincidência!

Remoendo cada dia dos últimos sete meses, as muitas alegrias e os pequenos desacertos, chego à incoerente conclusão de que não daria certo, mesmo ... mas a gente bem que tentou! Pouca paciência e muita expectativa (admito!!) acabaram por afastar alguém que se tornou mais importante do que eu poderia imaginar. Inútil querer apurar se há e de quem é a culpa, no fim das contas ... mas é fato: não somos mais um par.

Aprendi e acredito piamente que cada um tem seu próprio tempo, sua própria velocidade. Ironicamente, desta vez não foi diferente: não existiu a tão desejada (por mim, pelo menos) sincronia. Estamos em momentos de vida completamente diferentes. Nossas percepções de mundo são diferentes. Nossas necessidades não são as mesmas e, talvez por não conseguirmos traçar planos em comum, nossos caminhos também sejam diversos...

O "acho que não" foi, apesar de difícil de ouvir, reconfortante: nós dois temos a mesma opinião, afinal de contas.

Começo a considerar, com mais seriedade, que talvez eu não tenha jeito pra assuntos de amor ...

terça-feira, 6 de março de 2007

Aniversários

Incrível como passaram rápido os últimos doze meses ... parece que ainda ontem estávamos em Porto Alegre, no CT da Serraria: uma turma empolgada, cheia de dúvidas e medos, que não sabia o que esperar do trabalho nas agências ...

Saudade da turma do Carandiru 110, cuja única reunião posterior ao treinamento foi a que fizemos quando recebemos o primeiro salário ... (temos que fazer outro churrasco, pessoal!)

Mais do que um ano de trabalho, um ano de novas experiências e novas amizades... e, acima de tudo, novas perspectivas!

Um abraço a todos os colegas!

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Do I have to say the words ?



Crônicas

Sinto mais falta de publicar as divagações do que gostaria de sentir... Tenho menos tempo do que precisaria para fazê-lo... Como equacionar ??!!

Artur da Távola define a crônica como sendo "a expressão das contradições da vida e da pessoa do escritor ou jornalista, exposto que fica, com suas vísceras existenciais à mostra no açougue da vida, penduradas à espera do consumo de outros como ele, enrustidos, talvez, na manifestação dos sentimentos, idéias, verdades e pensamentos".

Generosamente, ensina que "para ser boa, não deve ser mastigada. Deve dissolver-se na boca do leitor, deixando um sabor de vivência comum. Deve parecer que já estava escrita há muito tempo na sensibilidade de quem a lê e foi apenas lembrada ou ativada pelo escritor/jornalista que lhe deu forma. Deve ser rápida como a percepção e demorada como a recordação. Verdadeira como um poente e esperançosa como a aurora. Suave como pele de mulher amada e irritada como uma criança com fome. Terna como a amamentação e insegura como toda primeira vez. Religiosa como a portadora do mistério e agnóstica como um livre pensador".

E conclui: "A crônica nos obriga à síntese, à capacidade de condensar emoções em parágrafos-barragem. Faz-nos prosseguir, mesmo quando nos sentimos repetitivos. É, pois, a expressão jornalístico-literária da necessidade de não desistir de ser e sentir. A crônica é o samba da literatura".