sexta-feira, 12 de outubro de 2007

(In)certezas

Das muitas certezas que eu não tenho, uma é sobre o que de fato me toca quando me refiro a momentos especiais, se são datas específicas ou simples situações quotidianas.

Não quero me referir a grifos na agenda em razão de coisas boas ou ruins que tenham acontecido porque essas, sem aviso nem licença, acabam tomando espaço próprio. São aprendizados, alegrias, saudades ... que se tornam simultaneamente atemporais e presentes. É como se um risco no calendário se transformasse numa cicatriz na própria pele. Não dói mais, mas ainda é capaz de lembrar do motivo a que veio.

Quero falar daquelas situações onde as palavras e as gargalhadas - ou mesmo as lágrimas - brotam com espontaneidade e força capazes de lembrar ao mais cético dos homens - espécie, não necessariamente gênero - que a vida acontece e se faz a cada minuto. Que um encontro com antigos amigos/colegas pode ser - e de fato é - oportunidade de relembrar e, ao mesmo tempo, de construir novas histórias. Que apesar das divergências na forma como percebem a realidade, as pessoas devem ser admiradas e respeitadas pelas semelhanças que são capazes de manifestar entre si. Que se as diferenças oferecem muros, o exercício da identidade pode criar pontes. Que falar de amor com os olhos brilhando não é coisa de poetas ou desvairados ... é simplesmente uma forma desapegada de festejar a vida e de não se levar tão a sério ...

Em outras ocasiões mencionei a nostalgia pelas coisas não vividas ... pois percebo que até ela, que tem sido minha fiel companheira de jornada, já não se refere a dias certos. Um de nós, talvez mais amadurecido, tomou um ar menos formal e percebe o excepcional que há em ocasiões banais, como um feriado qualquer na província, conversando e celebrando o ritual do chimarrão entre amigos ...

2 comentários:

Milena disse...

As coisas banais são as melhores porque são simplesmente despretensiosas...

Abs.

P.S - Vim pelo blog DDA.

Madame Mim disse...

"Nostalgia pelas coisas não vividas"...
Uma vez conversei com uma amiga sobre isso, sobre "saudades de algo que ainda não ocorreu". Ou não vai ocorrer.