sexta-feira, 9 de junho de 2006

A província em evidência

Mais uma vez, minha terra natal é objeto de manchetes. E, para não variar, quando não são tragédias, são falcatruas. Ontem à tarde o Ministério Público noticiou que apresentou denúncia por formação de quadrilha, estelionato e lavagem de dinheiro, requerendo prisões preventivas e seqüestro de bens de pessoas envolvidas com desvio de valores na Urcamp.

Tenho acompanhado as manifestações de acadêmicos, inclusive no Orkut, pela apuração dos fatos. Apesar de alguns exageros casuais – compreensíveis, dada a gravidade da situação – e a clássica alienação de uns tantos, a densidade que o movimento adquiriu é interessante. O que me soa irônico é que nem se passaram doze meses desde que centenas de jovens foram às ruas para clamar pela tal "federalização" da Urcamp. Nas últimas semanas, o clamor vinha sendo por "providências".

Já afirmei neste blog que não me atraem as ofensas pessoais. Os envolvidos neste caso, independentemente de suas identidades, já estão usufruindo de todo o escárnio do qual são (in)dignos. Nada mais há a comentar sobre isto. O que tem consumido meu tempo em divagações é a possibilidade, aparentemente não percebida, de propor uma discussão sobre a relação de consumo que existe entre os acadêmicos e a Urcamp. Não é nenhuma novidade que o custo-benefício não é dos mais favoráveis ao educando. Também não é nova a informação que o índice de inadimplência é inferior à média estadual. Isso, sem se falar nos preços!

Lembro que nos "meus tempos de acadêmico" (início da década de noventa), era bastante difícil tratar esse tipo de assunto porque os Diretórios Acadêmicos possuíam poucos associados, o que sugeria que sua representatividade era menos expressiva. Atualmente, há uma efervescência capaz de legitimar representantes estudantis - e mesmo dos professores e funcionários - a bater na mesa e "discutir a relação" com a universidade.

Ouso imaginar que, nessa ocasião, a província novamente estaria em manchetes de Zero Hora ou Correio do Povo (e, lógico, na Gazeta, no Em Questão e no Diário de Alegrete) ... só que por motivos não-pejorativos.

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