segunda-feira, 10 de abril de 2006

Deu a lógica: o trilocor é Campeão Gaúcho ...

No mais das vezes, tenho procurado abordar aqui temas mais formais. Nunca tive como objetivo utilizar este espaço como veículo de afrontas pessoais - e pretendo que isso continue exatamente dessa maneira. Até não penso que futebol seja assunto fútil, mas a paixão que o circunda tende a criar rivalidades tanto agudas quanto desnecessárias.

Agora, com o perdão dos meus amigos colorados ... o título deste post diz tudo! Ouvi torcedores do Internacional dizendo: "que coisa mais sem graça ganhar um campeonato sem ganhar o jogo". Digo-lhes o seguinte: "Pior ainda é perder o título sem ter perdido o jogo ..."

Apenas pra que não me recriminem individualmente, transcrevo uma crônica do Juremir Machado da Silva, publicada no Correio do Povo em 30/11/2005. Tratam-se de palavras de um colorado, portanto:

MILAGRES E ESTILOS

O Internacional é um time de pobres. Nós. Nunca terá convicções de gremista. São duas visões de mundo. O Grêmio é a cara do Rio Grande: arrogante, fanfarrão, pachola, varzeano e, por isso mesmo, capaz de se impor e de vencer em qualquer situação. O Inter, como qualquer pobre de caricatura, está sempre meio envergonhado, vai logo dizendo, 'desculpe qualquer coisa', intimida-se com facilidade. Na casa dos ricos, tem medo de sujar o sofá. Como todo pobre complexado, quer jogar bonito, ganhar com elegância, mostrar boas maneiras. O Grêmio, como rico prepotente e seguro de si, não está nem aí para os bons modos: quer é resultado, a qualquer preço.

Ao ser roubado, contra o Corinthians, Tinga já levantou se explicando. O Inter discutiu durante três minutos e acatou a decisão do árbitro. Já em Recife, os jogadores do Grêmio peitaram e chutaram o juiz, criaram um clima terrível, condicionaram tudo e levaram varzeanamente o resultado. O pênalti deveria ter sido batido novamente, pois o goleiro gremista se adiantou. Mas o juiz já estava apavorado, louco para expulsar alguém do Náutico e se ajoelhar diante dos gremistas. Acho que Anderson cobrou a falta para ele mesmo na hora do seu gol impossível. Que importa? O Grêmio já tinha vencido a batalha da 'catimba'.

Existe um inconsciente esportivo. Quando o jogador chega ao Olímpico, assimila um passado de rico dono do mundo, de quem inventa o próprio marketing e o transforma em verdade. No Beira-Rio, o atleta vira um sonhador. O Inter, quando ganha, faz obra-prima, como em 1975 e 1976, ou algo inédito, como o campeonato invicto de 1979. Mas isso é raro e fora de moda, do 'tempo em que se amarrava cachorro com lingüiça', como diria o filósofo Felipão. O Grêmio é um investidor neoliberal que não se preocupa com estética e, se compra quadro, é pelo valor de mercado.

Não falo de ser rico, mas de ter uma atitude de dominação e de mando. Paradoxalmente, castilhismo, gremismo e petismo representam esse espírito de arrogância tipicamente gaúcho. Maragatos, colorados e excluídos encarnam esse idealismo romântico e estetizante dos pobres ou ricos com sensibilidade poética. Como houve milagre em Recife, o Inter não poderá ser beneficiado pelos céus no próximo domingo. Ou Deus será acusado de beneficiar os gaúchos e poderá ser chamado a depor numa CPI sob suspeita de 'mensalão'. Além disso, só o Grêmio é imortal.

Um comentário:

Madame Mim disse...

ahahaha..
Gr~emio, tô fora.
Sou corinthiana fanática.
Beijosss