segunda-feira, 17 de abril de 2006

Nostalgia de Páscoa

Acordei cedo. Junto com o friozinho, o domingo me trouxe nostalgia. Não aquela das coisas que não voltam mais. Uma outra, de um tempo que não vivi. Enquanto tomava meu mate, sozinho e em silêncio, pensei em como poderiam ter sido os últimos vinte anos junto a um casal cuja companhia já não posso ter.
Ela, não vejo desde dezembro de 1985. Ele, desde o Natal de 1995. Nunca esqueci os olhares, os puxões de orelha e algumas cenas que vivemos juntos. Aos quatro anos, ela me ensinando a ler e escrever... Aos cinco anos, ele me ensinando a andar de bicicleta no pátio da casa que ainda moro... Nos momentos mais difíceis senti suas presenças e nunca duvidei que, de alguma forma, olhavam por mim. Nos bons momentos - como os atuais - foram os primeiros a quem, em pensamento, agradeci orientações e conselhos. Percebo que herdei - ou adquiri por osmose - e hoje carrego comigo muitas das manias que tantas vezes critiquei.
O fato é que poucas vezes desejei tão profundamente como nesse domingo tê-los comigo - por minutos que fossem - para um abraço apertado, sem maiores comentários. E acreditem: não há tristeza nenhuma nisso. Há, quando muito, a expectativa não satisfeita de uma alegria. Mas a vida é assim ...
Na adolescência, sempre me enchia de alegria ser chamado pelo nome ao invés de ser referido como "o filho do fulano" - penso que deveria ser questão de afirmação de identidade, característica daquela fase. Hoje em dia, adulto e sem ouvir essa "descrição de linhagem" há muito tempo, sinto essa saudade de um tempo não vivido. Em outras ocasiões, pretendo falar mais sobre essas figuras...
Nesse meio-tempo, vou me apresentando: sou o filho mais velho do Nei e da Regina!

Um comentário:

Anônimo disse...

Todos os textos são lindos, mas este em especialfoi escrito com o coração e a alma. Parabéns.
Ah, q tal pensar em publicar isso tudo, qualidade não falta
Cleber