terça-feira, 4 de abril de 2006

Coelho da Páscoa: canibal ou chocólatra?

Há cerca de seis meses, comentei sobre a federalização da Universidade da Região da Campanha e admiti que, apesar de não acreditar que fosse possível aquela propalada maravilha - que de fato não houve, esperava que o movimento pelo ensino superior público na fronteira tomasse ares de metáfora transformadora, não obstante a politicagem explícita. Houve quem concordasse em parte com minhas considerações, quem discordasse completamente e quem calmamente afirmasse que minhas conclusões eram equivocadas. Mas esse era o risco, afinal de contas.
Quem me conhece sabe que tenho propensão a crer tão somente no que vejo. Não admito com isso ceticismo, apenas cautela. Penso que por "vício de profissão" busco apreender o contexto ao invés de analisar os fatos isoladamente. Trago comigo - desde as aulas de Teoria Geral da Administração ministradas pelo Sérgio Bertelli no saudoso Centro Integrado de Ensino Superior de Alegrete - que a "dúvida sistemática" é um princípio válido para toda a vida, em todas as situações. Não há nada de errado em alguém buscar mais informações antes de se dar por convencido sobre algo.
Confesso que até hoje tenho dificuldade para acreditar na real existência de centenas de bolsas de estudo divulgadas desde aquela época, as quais beneficiariam inclusive acadêmicos dos cursos em andamento. Aliás, de todas as falácias daqueles dias de palanques e passeatas, o que mais se aproxima da realidade é a bolsa pedida pelo Luís Fernando ao próprio presidente Lula, num dos eventos havidos em Bagé em prol da federalização. Diga-se que depois de ter ido a Brasília - e voltado orgulhosamente de carona num avião da Força Aérea - o acadêmico não trouxe nada mais consistente que algumas fotos ao lado do mandatário maior da república e uns tapinhas nas costas seguidos da promessa de "vamos dar um jeito". Pena que pouca gente saiba que esse rapaz já havia sido "agraciado" com créditos educativos e, mesmo assim, possuía débitos junto à URCAMP. Fotos e manchetes foram publicadas, mas de solução não se tem notícias. Em português fluente: o "Cromado" tá famoso, mas continua com um abacaxi na mão...
E por falar nessa fruta, corre um boato no meio acadêmico sobre uma "discrepância contábil" na ordem de algumas dezenas de milhares de reais num campus da fronteira. Tenho certeza que, no fim das contas, não terá passado de um mal-entendido. Quando muito, alguém apontará "erro humano" - nada mais natural, segundo o provérbio - e tudo voltará a ser como antes.
Mas - como diz o gaúcho - "voltando à vaca fria" ... alguém ponderou sobre a demanda pros tais cursos de extensão da UFSM? Da forma como está apresentada, será que a UNIPAMPA é viável? Há possibilidade, ainda que remota, de aplicação de recursos em pesquisa e desenvolvimento no sentido trazer progresso à fronteira?
Que me desculpem os mais crédulos, mas ainda estão ocorrendo manobras. Há tempo pra que não deixemos que nossas esperanças sejam usadas contra nós.
Ah, mais uma coisa: a metáfora do Coelho da Páscoa está se autofagocitando ou comendo os próprios ovos de chocolate?

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